sábado, 17 de novembro de 2012



UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA

RELATÓRIO DE VIAGEM: VISITA A CIDADE HISTÓRICA DE LARANJEIRAS-SE

TEMA GERAL: LARANJEIRAS: NUCLEO DE POVOAMENTO DA REGIÃO DA COTINGUIBA PRODUTORA
                                                                                      JOEMIA MARIA GOMES MOTA
                                                Aluna do curso de graduação licenciatura em História/UFS
                                                                                                                 POLO /PROPRIÁ

            A Coordenação da disciplina Temas de História de Sergipe II organizou uma viagem à cidade de Laranjeiras, no dia 27 de outubro de 2012, com o objetivo de realizar uma aula de campo ministrada pelo professor Antônio Lindvaldo Sousa, assessorado pelos seus tutores, no qual tivemos a oportunidade de socializar com alunos de outros polos que integram a universidade.

                                      Figura 1: Alunos da disciplina Temas de Sergipe II
                                     Fonte: arquivos particulares 27.10.2010 Joemia Mª G. Mota




             UM BREVE PASSEIO PELA HISTÓRIA DE LARANJEIRAS
A evolução de Laranjeiras deu-se com o comércio da cana-de-açúcar no século.  A cidade não era produtora da cana-de-açúcar, mas sim o reflexo da sua produção, com essa produção ocorre o desenvolvimento e o crescimento do seu comercio. Desse modo o progresso da indústria açucareira que antes era desfrutada pela vila de Santo Amaro, desloca-se para Laranjeiras. No século XVIII e XIX o comercio atingiu seu apogeu, com todo esse esplendor econômico Laranjeiras passou atrair a esperança do homem pobre, que via neste crescimento a possibilidade de melhorias, passando a frequentar na feira livre considerada a maior entre as vilas, realizada nos dias de sábados vendia-se de tudo, desde açúcar ao rolo de fumo. Também motivados pela feira livre os grandes proprietários de engenhos vinham para a vila para efetuar compras, possuidores de casarões que servia de apoio, porque somente era utilizada quando os senhores vinham a passeio ou simplesmente a feira. Foram erguidos grandes casarões próximos de várias casas comerciais, com isso os senhores de engenhos não eram os únicos a possuírem o poder social em Laranjeiras, com a prosperidade do comércio surgem os grandes proprietários de casas comerciais.
            No início do século XIX a atividade açucareira era a principal fonte de Laranjeiras, que passando a ser exportadora desse produto. Porém com o surgimento da concorrência no comércio exterior açucareiro e a produção de um novo tipo de açúcar, feito da beterraba, Laranjeira começou a viver uma crise econômica no empobrecimento e econômico. Neste mesmo período Aracaju começou a se destacar, e, juntamente com Maruim, e Laranjeiras passam a concorrer a capital de Sergipe, por uma questão estratégica do Barão de Maruim e iniciativa do presidente da província Inácio Barbosa, em 17 de março de 1855, Aracaju foi escolhida capital de Sergipe, pois possuía o porto que deveria atender as necessidades de escoamento da produção açucareira.
 Laranjeiras foi um centro radiador de tensões raciais e sociais, duas grandes revoltas urbanas de escravos negros e mulatos livres foram registradas em 1835 e 1837, como também os primeiros indícios para a proclamação da república aconteceu oficialmente na vila de Laranjeiras em1888, através da publicação do manifesto de 18 de outubro de 1988. Laranjeiras é um conteúdo e cultural a céu aberto, são inúmeros os contextos históricos reunidos nesta cidade, é praticamente uma aula prática dos séculos XVIII e XIX. Laranjeiras é reconhecida como uma cidade histórica, devido a seu respaldo arquitetônico, contém estilos barroco rococó e neoclássico, no campo geográfico, abrange uma geomorfologia peculiar com morros e grutas. Já no universo histórico, possui um enorme acervo cultural, o Museu de Arte Sacra.
Entre os objetivos do trabalho de campo, destacavam-se a necessidade de estabelecer um contato do alunado do curso de História com um mundo que extrapola o simples olhar de uma cidade aparentemente esquecida no tempo. Com um mundo que fala pela sua própria arquitetura, pela sua arqueologia, pela sua historia. Ademais, a proposta do trabalho também era relatar as impressões vivenciadas das equipes, mediante o contato com a visita ao sitio arqueológico que compreende a cidade de laranjeiras, a qual constitui um patrimônio cultural só de Sergipe, do Brasil, mas mundial.  Localizada geograficamente a 19 km da capital sergipana, na zona litorânea do estado, com uma população de aproximadamente em torno de 25.000 habitantes.

                                       Fonte: Google Mapas. Acesso 16.11.2012



          Após os grupos fazerem um levantamento da história do município de laranjeiras, ainda que breve, pela própria dinâmica do trabalho proposto, foram formados equipes composta por quatro componentes para o reconhecimento dos monumentos arqueológicos, destacando-se, entre as equipes a que visitou a Capela Sant’Aninha composta por Joemia Maria, Paula Marques, Janderson Saulo e Everton Luiz.


                                      Figura2: Capela Sant’Aninha
                                      Fonte: arquivos particulares 27.10.2012 Joemia Mª G. Mota


No percurso para igreja passamos por uma construção de trapiche, que é uma construção do século XIX, local onde era armazenada a produção açucareira dos engenhos, caracterizados pela sólida construção de pedra e cal, responsável pelo panorama arquitetônico de beleza única (ver figura 2). Continuando o percurso, passamos pelo rio Contiguiba parada obrigatória em torno dele o comércio ganhava espaço, principalmente a trocas dos escravos por meio deste rio em 1860 o imperador D. Pedro II e a imperatriz D. Tereza Cristina visitou Laranjeiras, o rio foi muito importante no desenvolvimento econômico, porém sua glória ficou no passado, pois atualmente parece que somente é reservado para depósitos de lixo.   

                                      Figura 3: Construção em Trapiche                         
                                      Fonte: arquivos particulares 27.10.  2012 Joemia Mª G. Mota


                                     Figura 4: Rio Contiguiba
                                     Fonte: arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G. Mota



Seguindo nossa caminhada justamente às 11h15min da manhã, subimos a colina em direção à capela. Logo de início encontramos as ruínas que restaram da casa grande do Sr. Pedro Paulo Valverde proprietário da capela, colunas que indicam dois pavimentos, sendo que no superior constatamos a formação de dez janelas e na parte inferior duas janelas e duas portas, o que nos dar mais ou menos a noção do poder dessa família no município (ver figura 5). Fomos guiados por uma senhora que vive na redondeza da propriedade e, é responsável pela guarda da chave da capela, muito atenciosa nos fez o relato de que a construção da capela foi uma promessa do Sr. Pedro Paulo Valverde, pois a filha do senhor de engenho Ana Valverde se encontrava muito doente e era muito devota de Nossa Senhora da Conceição. Durante esse período histórico, as capelas só poderiam ser construídas mediante uma promessa, pois naquela época o papa não liberava a construção de igrejas para pessoas que não pertencessem ao clero, a não ser no caso de promessa, que foi feito em pedido pela melhoria de Ana Valverde. A Capela Sant’Aninha é um templo católico construída no século XIX, basicamente em 1875, em uma propriedade particular à margem esquerda do rio Contiguiba, a sua construção foi feita no local onde havia um depósito de pólvora, sua fachada é um exemplar único no estado e seu interior  com detalhes ornados em ouro  apresenta minúcias em tapeçaria antiga (ver figuras 7 e 8). Já foi considerada uma das capelas particulares mais ricas do nordeste. Abertura ao público em 1991 um ano depois da morte do proprietário da capela (ver figura 6)



                               Figura 5: Antiga casa dos Valverde                                                   
                               Fonte: arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G. Mota



                                      Figura 6: Tumulo do Senhor Valverde                               
                                        Fonte: arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G. Mota



                     Figura 7: Interior da capela
                     Fonte: arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G. Mota



                        Figura 7: Interior da capela
                        Fonte: arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G. Mota




                          Figura 7: Interior da capela
                          Fonte: arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G. Mota



                          Figura 8: Interior da capela
                          Fonte: arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G. Mota









CONSIDERAÇÕES FINAIS

            A aula de campo realizada na cidade de Laranjeiras-Se, foi de grande importância para o aprimoramento cultural dos alunos da disciplina Temas de Histórias de Sergipe II. Fazer uma viagem a laranjeiras é realizar um passeio ao passado, pois a cada monumento arqueológico visitado, o aluno passa-se a imaginar dentro daquele contexto histórico, social e cultural. Laranjeiras é uma aula prática a céu aberto. Contudo, é notável a falta de cuidados com alguns dos monumentos históricos, mesmos tombados pelo patrimônio arquitetônico, muitos desses monumentos estão em ruínas. Como é o caso da Capela Sant’Aninha, pois se faz necessário que algum órgão se responsabilize pela sua manutenção física, , a exemplo do IFAN, das secretarias municipais e estaduais de cultura, das secretarias de turismo, sejam municipais ou estaduais e etc.   Além de procedimentos comuns a um espaço como esse, tais como a realização de melhorias como limpeza constante do ambiente, pintura  e etc. A referida capela precisa de limpeza no seu interior e exterior, essa é de uma representação religiosa grandiosa, de uma arquitetura belíssima. Somente o conhecimento do patrimônio cultural de uma cidade é que se pode entender qual realmente foi seu papel na sua evolução. História não se aprende apenas com os livres, mas também com a vivência de espaços grandiosos feitos o sítio arquitetônico de Laranjeiras e isso nos permite enxergar a devida valorização da história do lugar, valorizando o patrimônio cultural e social dessa cidade.




ANEXOS



     Outras riquezas arqueológicas visitadas por outros grupos:



Igreja da Matriz Sagrado Coração de Jesus situada na praça da matriz, construída na segunda metade do século XVIII, em 1871 foi a primeira igreja dedicada ao sagrado coração de Jesus do Brasil. Embora tenha passado por várias reformas, ainda conserva o seu traço original.  A edificação é tombada pelo IPHAN.

 

Igreja do Bom Jesus dos Navegantes, construída no século XX, em 1905 no morro do Bom Jesus, com características coloniais, é a tradicional festa da cidade.
 

Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito construída por negros na metade do século XIX, local de tradicionais comemorações com a festa dos Reis e da Rainha da Taieira, esta ultima uma louvação dirigida a São Benedito e Rosário, protetores dos escravos. Na igreja realizam-se até hoje os ritos do Cacumbi; da Taieira, da Chegança e de São Gonçalo, sendo, portanto palco das maiores festas do folclore de Sergipe.

Igreja do Senhor do Bonfim construída no século XIX, em 1832, abriga nos fundos o cemitério da Irmandade do Bonfim, edificada no ponto mais alto da cidade, onde se tem uma visão completa do vale do Contiguiba. Seu altar de madeira foi destruído durante um incêndio em meados do século XIX. Após intenso trabalho de estudos e pesquisas o templo foi restaurado, sendo que mo lugar do altar de madeira fora colocado o altar da igreja Jesus, Maria, José. 

 
Igreja Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba edificada em local onde os índios Tupis-guaranis cultivavam feijão, daí a denominação Comandaroba, nome de origem tupi que significa comenda- feijão e roba- amargo, inaugurada 1734, o templo apresenta características dos jesuítas no nordeste. No seu pórtico, de pedras calcarias, e no cruzeiro estão gravadas monogramas que confirmam suas origens e da sua padroeira a Virgem da Conceição. A edificação tombada pelo IPHAN é um dos monumentos históricos de maior valor do estado e uma das ultimas construções dos padres jesuítas da Companhia de Jesus. 


Igreja Presbiteriana inaugurada em 19 de novembro de 1899, após uma série de incidentes entre católicos e protestantes. Até hoje a igreja mantém todas as suas atividades.


Museu de Arte Sacra fundado em 198ª para preservar o grande acervo sacro do município. É o segundo mais importante do estado.



Museu Afro-brasileiro de Sergipe exposição de peças ligadas a cultura afro-brasileira e sua influencia no sincretismo religioso do nosso povo.


  

                                    Fonte: arquivos particulares27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota



 
                                     Fonte: arquivos particulares27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota



 

                                     Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota




                                       Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota





 
                                     Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota






                                        Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota




                                     Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota






                                      Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota




 
                              Fonte: arquivos particulares27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota




                                    Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota




                          Fonte: arquivos particulares27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota






                                      Fonte: arquivos particulares27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota




Interior da igreja Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba
                                   Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota





Alunos do polo Propriá e o Prof. Antônio Lindvaldo
                                      Fonte: arquivos particular 27. 10.2012 Joemia Mª G. Mota








REFERÊNCIAS
SOUSA, Antonio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.
www.portalturismobrasil.com.br Acesso em 12.11.2012
www.monumenta.gov.br Acesso em 13.11.2012
www.skyscrapercxty.com  Acesso em 13.11.2012
www.wikipedia.org .  Acesso em 14. 11.2012.
Imagens pertencentes aos arquivos particulares Joemia Maria Gomes Mota. 27. 10.2012.




Nenhum comentário:

Postar um comentário