domingo, 14 de julho de 2013



UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA
CURSO DE HISTÓRIA


Aluno (a): Joemia Maria Gomes Mota
Matrícula: 201020031777                                           Polo: Propriá
Professor coordenador: Dr. Antonio Lindvaldo Sousa                           
Professor tutora a distância: Rita Leoser da Silva


I- Referência da obra resenhada:

SILVA, José Roberto da. Puru Píra A Princesinha do São Francisco, 1º edição Editora Triunfo, Aracaju-SE 2012.

Perfil básico do autor: Escritor sergipano nascido no município de Propriá-SE em 24/05/1963, iniciou seus estudos na Escola Municipal “Horário Hora”, depois no Grupo Escolar “Dom Antonio dos Santos Cabral”, em seguida na Escola de 1º Grau “Cel João Fernandes de Britto”, onde concluiu o Ensino Fundamental no ano de 1979, logo após foi estudar no Colégio Diocesano de Propriá, e na Escola Técnica de Comércio de Propriá, onde concluiu o curso Técnico em Contabilidade, foi 2º Secretário do Centro Cívico “Telma Apolonio” na Escola de 1º Grau “Cel João Fernandes de Britto”,1º Secretário e fundador da Coopertap (Cooperativa dos Taxistas de Propriá), 1º Secretário e fundador da Coopetabasf (Cooperativa de Transporte Alternativo do Baixo São Francisco), filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) desde 1999, e Presidente do PCdoB, desde o ano de 2003. Atualmente diretor do jornal “Manchete do São Francisco.com” na internet. Casado com a Sra. Edymeire Santos da Silva, é pai de Roberto Junior, Raphael e Ricardo.

II- Objetivo da obra

O principal objetivo desse trabalho é a sua contribuição para o conhecimento, o resgate histórico e o chamamento ao debate sobre as raízes regionais. Não é um trabalho definitivo sobre a cidade, sua história e sua gente, por ser visto como um documento construído através de pesquisa realizada por um escritor popular. Silva na construção de sua obra utiliza-se de uma infinidade de recursos na procura de informações que possam esclarecer a formação da história propriaense, o autor utiliza-se de trabalhos existentes de outros escritores propriaense tais como: Carlos Roberto Britto Aragão, Washington Luiz Prata, João Fernandes de Britto, Zildo Nascimento.  O autor em sua missão se vale de arquivos, dicionários e uma série de textos. Silva dedica sua obra em especial a sua esposa, seus filhos suas irmãs e seu irmão João José da Silva (in memoriam), como também faz agradecimentos especiais aos colaboradores para realização do seu trabalho sendo representado por José Alberto Amorim e Therezinha Mello Serafim.
A história regional por ser pouco contada nos livros representa uma perda irreparável para as novas gerações, que merecem conhecer muito mais sobre a origem e fatos históricos que norteiam a vida de nossa gente e que permitam ações capazes de construir o futuro sem perder o contato com suas raízes.          

III- Descrição da estrutura

Puru Pirá contém o prefácio assinado por José Renato Vieira Brandão, a obra é composta inicialmente com relatos sobre os primórdios da fundação de Propriá composto: A Princesinha do São Francisco; Dom Pedro II no Baixo São Francisco; A Navegação do Baixo São Francisco. Citam-se os Períodos Administrativos com foco para os perfeitos da cidade desde 1857 a 2012; Presidentes da Câmara de Vereadores a partir 1971 a 2012; e a trajetória de alguns filhos Ilustres da cidade. No ultimo tópico do livro o autor foca manchetes que destacam a cidade.

IV- Descrição do conteúdo

O autor Silva descreve a origem da cidade desde seus primórdios com os domínios indígenas com destaque para os caciques “Pacatuba”, “Japaratuba”, e “Píndaiba”, como também toda a especulação quanto ao nome originário da cidade. Após as terras pertencerem às sesmarias doadas a Antonio Cardoso de Barros pelo seu pai Cristovan de Barros, ocorreram várias sucessões quanto à questão das posses de terras até torna-se vila, passando a se chamar Vila de Propriá em 1802, decretada pelo Ouvidor Antônio Pereira Magalhães dos Passos. Devido a Resolução Provincial de 21 de fevereiro de 1866 a vila de Propriá foi promovida a cidade pelo então presidente da província o Bacharel José Pereira da Silva Morais. A cidade foi agraciada com visita do Imperador D. Pedro II e sua esposa Tereza Cristina, tendo por objetivo propósitos políticos, pois se fazia necessário que o imperador fosse visto por todos os cantos, prestigiando assim as localidades mais distantes. Outro tópico de destaque na obra é a navegação do Baixo São Francisco sendo as primeiras navegações realizadas pelos aborígenes, que de maneira rústicas construíam suas embarcações com troncos de árvores talhados com fogo e ferramentas rudimentares, utilizando esse meio de locomoção para as atividades de caça e pesca. Com a evolução dos processos de construção, passa-se a construir embarcações com melhores aspectos e condições para fins específicos como a exploração do Rio São Francisco, com destaque para os relatos de Halfeld, George Gardner, Vieira Carvalho, Avé-Lallemant.
Nos períodos administrativos o autor descreve os prefeitos e intendentes discorrendo curta biografia pessoal e política dos administradores. A mesma procedência é usada para os presidentes da Câmara Municipal da cidade que mesmo com o extravio de documentos, somente foi possível realizar o relato a partir de 1971. Como também são citados os filhos ilustres que tiveram destaques em nível estadual e nacional, como João de Seixas Dória, preso e exilado no regime militar e na atualidade Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto, que foi Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e Ministro Efetivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O último tópico é composto por relatos de marcos importantes quanto à formação da cidade como também foca algumas curiosidades. O autor descreve o desenvolvimento econômico vivido pela cidade devido a sua localização e suas forças políticas, sendo esses uns dos fatores que favoreceram a implantação das indústrias. Contudo com a queda da produção agrícola que não tiveram mais condições de manterem as indústrias e a construção da ponte do sobre o rio São Francisco, ligando o município de Propriá ao município alagoano Porto Real do Colégio, com isso a cidade perde sua função de transbordo sendo esses uns dos principais fatores que tenha provocado à decadência econômica da cidade. Porém além dessa conjuntura de fatores, aliados a outros de ordem locais e extras locais, que direta ou diretamente atingiram a região fizeram com que a cidade de Propriá deixasse de ter a importância regional de outrora. A cidade também é conhecida por suas enchentes que se tornaram atrativos na cidade, um meio de lazer entre a população. Em Propriá predomina a religião católica com destaque para a festa de Bom Jesus dos Navegantes que atrai fiéis de todo baixo São Francisco e todo Estado. O esporte também é lembrado através suas agremiações, Esporte Clube Propriá e o América Futebol Clube. Fazem partes do ultimo tópico curiosidades que envolvem a cidade, poemas de personalidades propriaense e relatos que envolvem Lampião, Uma Viagem de Canoa e os Índios Xocós.

V- Análise crítica

O texto é elaborado por um escritor popular, apaixonado por sua terra, que através de suas pesquisas sérias, deseja que o leitor passe a compreender que na história por mais particular que seja possui pontos de contato com a história mais ampla. Permitido ao leitor uma avaliação melhor do progresso, tendo assim o entendimento como ocorreu todo processo evolutivo sociocultural da cidade, permitindo que a população realizem comparações das evoluções sofridas no decorrer dos anos pela cidade de Propriá.

 VI- Recomendação da obra

Esta obra é de importância para os que pretendem se aprofundar nos temas regionais, como obter mais conhecimentos de suas raízes e fatos históricos que norteiam na formação da população propriaense. Saliento que como a história da cidade foi pouco contada nos livros, servem para os futuros historiadores tomar como marco inicial para futuras pesquisas no aprofundamento da historiografia regional. Como também poderia ser usados como materiais complementares pelos professores de história no ensino médio, para que se tenha uma melhor adaptação da verdadeira identidade regional e como decorrência o aguçar pelo seu conhecimento na identidade sergipana.  

   

segunda-feira, 27 de maio de 2013



UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA
CURSO DE HISTÓRIA


Aluno (a): Joemia Maria Gomes Mota
Matrícula: 201020031777                                           Polo: Propriá
Professor coordenador: Dr. Antonio Lindvaldo Sousa                           
Professor tutora a distância: Rita Leoser da Silva


I- Referência da obra resenhada:

FREIRE, Felisbelo. História de Sergipe. Projeto “Digitalizando a História”, dirigido pelo coordenado pelo prof. Arionaldo Moura Santos com a participação dos alunos do 1º ano F, ensino médio do Colégio Estadual Tobias Barreto, Aracaju, 2008.

     Escritor sergipano nascido no município de Itaporanga D' Ajuda- SE em 30/01/1858 e faleceu no Rio de Janeiro em 08/05/1916 graduado em medicina pela renomada faculdade da Bahia em 1822. No campo político foi o principal propagandista da república em Sergipe, sendo quer após o fim da monarquia é nomeado governador de Sergipe. Atuou com deputado federal fazendo parte da Assembleia Constituinte que promulgou a Primeira Constituição Brasileira em 1891, foi ministro da fazenda em 1893 durante a presidência de Floriano Peixoto. Na área da história escrever obras importantes como ¨História Constitucional dos Estados Unidos do Brasil¨(1894) e ¨HistóriaTerritorial do Brasil¨(1906). Com a publicação do livro História de Sergipe Felisbelo torna-se o primeiro historiador a publicar um livro que descreve a formação e evolução de nossa capitania.

II- Objetivo da obra

      O objetivo de Felisbelo Freire com o livro História de Sergipe é ¨tornar Sergipe conhecido do país e do estrangeiro¨. Pois lastima o esquecimento dos escritores nacionais com relação à historiografia sergipana, tomando o autor a responsabilidade de resgatar a história do seu estado.  Uma tarefa que demandava muito tempo, levando assim seis anos de pesquisa a qual quase leva o autor a desistência da obra, pois requeria um longo e paciente trabalho chegando ser cansativo. Freire na construção de sua obra, não dispunha de um trabalho anterior que servisse de guia iniciando-se assim do nada. Freire pessoalmente realizou pesquisas em Sergipe e Rio de Janeiro, sendo em São Cristovão onde estavam os mais valiosos documentos históricos para realização de suas pesquisas, utilizou- se de manuscritos, busca em cartórios e arquivos, documentos oficiais, cartas de sesmarias. O autor também utiliza uma série de trabalhos de textos de autores nacionais e internacionais como Silvio Romero, Batista de Lacerda, Rodrigues Peixoto, Martius, Hartt, Lund, Buckle entre outros. Freire em sua obra dedica em especial ao professor João Ribeiro, o qual agradece pela grande contribuição de material cedido para embalsamento de sua obra.
      A história tem um papel fundamental na constituição da entidade de um povo, Freire afirma que cabe ao historiador o conhecimento completo do elemento natural de qualquer povo e confirma a existência da necessidade de apelar para o uso de outras ciências como a biologia, a antropologia, a geologia, a etnologia, pois sem o auxilio dessas ciências a história fica reduzida e o historiador terá poucos subsídios para o embalsamento de sua pesquisa.

III- Descrição da estrutura

     O livro é composto de quatro partes: Introdução subdividida em quatro capítulos, o autor apresenta uma síntese sobre a os povos primitivos do Brasil, sua composição étnica, fatores externos da civilização no Brasil e a Geologia de Sergipe. Em a ¨Epoca de Formação¨(1575-1696) relata-se a conquista de Sergipe,  colonização, primeiras explorações , invasão e domínio holandesa, e as lutas em Sergipe . Essa fase é composta por seis capítulos. Seguindo a cronologia da obra em ¨Expansão Colonial¨(1696-!822) composta por cinco capítulos sendo esta parte composta para a descrição de Sergipe na condição de comarca da Bahia, expulsão dos jesuítas, Abolição Indígena, Revolução Pernambucana de 1817, e finalmente a aclamação da independência tornando Sergipe capitania. Política Imperial (1822-1855) composta por cinco capítulos voltada para os eventos políticos da província com a instalação da junta provisória, seus sucessores, governo de regência, mudança da capital e questões com Alagoas e Bahia.



IV- Descrição do conteúdo

    Em sua introdução o autor narra as dificuldades em escrever a historia de um povo imposta pelas exigências da orientação cientifica.. Com relação à formação do povo primitivo no Brasil, apesar de existir trabalhos que esclareçam as questões relativas às raças pré-históricas do Brasil com destaque para Hartt, de Martius e Lund são insuficiente para explicar a origem do homem primitivo (índio) no Brasil. O autor relata o surgimento da raça mestiça que predomina as terras sergipanas e brasileiras decorrentes da junção dos três elementos formadores da população brasileira o Português, o negro e o índio.
     A Época de Formação relata todo processo de doação realizado pelo EI-Rei D> João III a capitania da Bahia a Francisco Pereira Coutinho em 5 de abril de 1534. As terras por descuido de seus administradores passaram a ser por um longo período passagens de piratas, posteriormente pelos jesuítas que vieram como o objetito de evangelizar o povo nativo da região. Após várias guerras assume o comando da província Cristovão de Barros, à sua sucessão a província passa por um estado de destruição e abusos de poder, além da invasão holandesa que causou total destruição nas terras sergipanas ainda ocorria o abuso da instituição católica em busca de novos fins lucrativos. Depois dos acontecimentos descritos Sergipe passa novamente ao domínio português.
     Ao longo da Expansão Colonial o período foi regido pelos interesses da instituição religiosa que representava uma força poderosa na província. A província de Sergipe em 8 de julho de 1820 foi elevada a categoria de capitania completamente independente da Bahia, contudo esses decretos não foram cumpridos, vindo Sergipe ser totalmente independente sobre a regência de D. Pedro I. Já na fase Imperial predomina as paixões pessoais e partidárias, pois a ambição pelo poder apossou-se de membros partidários fazendo com que viessem a sufocar a liberdade de escolha através do voto. O presidente Inácio Barbosa para satisfazer interesses políticos e individuais transfere a capital da província de São Cristovão para Aracaju. A obra de Felisbelo também é composta por longas cópias integrais de documentos localizados pelo autor com o objetivo de oferecer aos seus leitores a leitura desses achados preciosos.


V- Análise crítica

     O autor em sua obra deixa de lado assuntos como a influência dos índios, dos negros, dos mestiços na formação e participação da independência e constituição na formação da camada social da população sergipana, como também não faz relato dos modos de vida do povo sergipano, sua vida social, educacional, O relato é feito centralizado nos governantes e seus efeitos.
   O estudo da história nos permite avaliar melhor a noção de progresso, passamos a entender como ocorreu todo o processo de evolução sociocultural. A obra de Felisbelo Freire além de ser um marco na historiografia sergipana e a primeira a fazer a trajetória da historia do estado descrevendo a formação e evolução da capitania, assim sendo contribui para que a atualidade faça comparações das evoluções sofridas no decorrer dos anos pelo estado.

VI- Recomendação da obra

     A obra de Felisbelo Freire é um marco para historiografia sergipana,  ficou  conhecido como o pai da historiografia de Sergipe segundo Sousa. Sua obra é citada por vários historiadores desde o inicio do século XX  aos dias atuais é usada em diversos textos que versam sobre a História Sergipana.  Indico a obra para leitores que queiram obter mais conhecimento da história do seu estado, para os futuros historiadores que pretendem se aprofundar no mundo histórico da historiografia regional, como também como suporte pedagógico para alunos universitários principalmente na área de  história.


REFERÊNCIAS 

FREIRE, Felisbelo. História  de Sergipe. projeto ¨ Digitalizando a História¨, coordenado pelo prof. Arionaldo Moura Santos com a participação de alunos do 1º ano F do ensino médio do Colégio Tobias Barreto, Aracaju, 2008.

SOUSA, Antonio Lindvaldo. Historia e Historiografia Sergipana. CESAD. Universidade Federal de Sergipe, São Cristovâo, 2013.

historiadeitaporanga2.blogspot.com, acesso em 27/05/2013 as 11:00h.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012




UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA
HISTÓRIA LICENCIATURA

RELATÓRIO DE VIAGEM: VISITA A CIDADE DE ARACAJU
TEMA: ARACAJU, O PROJETO MODERNIZADOR E SEUS REVEZES (1910-1930)

JOEMIA MARIA GOMES MOTA
                                                                    Aluna do curso de graduação licenciatura em História/UFS
POLO /PROPRIÁ

       A visita monitorada a cidade de Aracaju, ocorrida no dia 15 de dezembro de 2012, ministrada pelo professor Dr. Antônio Lindvaldo Sousa, coordenador da disciplina Temas de Sergipe II, assessorados pelas tutoras Andreza da Conceição Costa, Rita Leoser da Silva Andrade e Gersivalda Mendonça da Mota. O encontro com os alunos previsto para as 09:00 hs, no coreto da praça Fausto Cardoso, o objetivo principal da viagem monitorada é compreender a existência de um projeto modernizador em Aracaju e seus revezes nas primeiras décadas do século XX, tomando como fio condutor de analise personagens protagonistas desse discurso e outros que apontem as contradições desse mesmo discurso.

                                          Figura 01:  Praça Fausto Cardoso
                                          Fonte: acervo  Prof°. Antônio Lindvaldo


UM PROJETO MODERNIZADOR E URBANISTICO

       Com a fundação de Aracaju, no governo de Inácio Barbosa, em 1855, nascia a ideia de construir em Sergipe um núcleo moderno, em função de um porto que atendesse as necessidades de escoamento da produção Açucareira do Vale do Cotiguiba. A capital até o final do século XIX não consegui realizar melhoramento urbanístico, então o presidente da província Inácio Barbosa encarregou o engenheiro militar Sebastião Basílio Pirro para planejar a nova capital. O plano urbanístico de Aracaju desafiou a capacidade da engenharia da época. A cidade foi implantada em uma área de mangues, dunas, riachos lagos, areais cobertos de cajueiros, curicurizeiros e mangabeiras. As ruas de Aracaju foram traçados em ¨xadrez¨, formando 32 quarteirões de 110 metros quadrados cada um. Para a realização do alinhamento das ruas foram necessários aterros gigantescos, para isso Pirro elaborou um plano de alinhamento dentro de um quadrado de 540 braças (1.188 metros) traçando quarteirões iguais de forma quadrada com 55 braças de largura, separados por ruas de 60 palmos, contudo esse projeto levou dezenas de anos para que  o ¨Plano de Pirro¨ se tornar realidade.

                                           Figura 02: Quadrado de Pirro
                                           Fonte: acervo particular do autor
     A partir daí a capital passa apresentar uma nova fase e com um futuro promissor, dotada de serviços e inovações urbanas: embelezamento de praças; construções de prédios; água encanada e transporte com bondes puxados a burros; alargamento de ruas; inauguração de escolas. Com destaque para a inauguração da Escola federal de Aprendizes e Artífices, que funcionaria com aulas de alfaiataria e mecânica, que utilizaria a educação profissional pra a formação de trabalhadores. A frente da organização desta inauguração o médico Augusto César Leite, que além de fazer apologia a um futuro promissor, como também realiza um breve relato das dificuldades encontradas para instalação dessa escola, deixando transparecer que no início da elaboração do projeto da escola, o então governador Rodrigues Doria (1908-1911) admitia-se não ter condições em ceder o espaço físico para que a referida escola fosse implantada, com alegando muitos compromissos e a precárias condições financeiras do estado, contudo tal desculpa não conduzia com que Augusto Leite pensava e acreditava, levando ao questionamento; Será mesmo que deveria esperar um tempo de bonança para construir escolas? Elas só são frutos do progresso, do desenvolvimento econômico? Eles não seriam também o guindaste econômico.
       Augusto Cesar Leite afirmava que as ¨transformações sociais¨só ocorreriam mediante a audácia dos que acreditavam que era possível empreender mudanças, mesmo com todas as dificuldades do meio que vivia.Le se expõe numa imagem de sergipano devotado e comprometido com uma era moderna para Sergipe ou seja, sendo um representante da nova fase de progresso que acreditava começar a existir.

                                                    Figura 03: Augusto César Leite
                                                    Fonte: www.google.com


       Com o processo de urbanização e modernidade da cidade de Aracaju, a migração de homens pobres vindo do campo, em busca de melhorias de vida. O livro ¨Os Corumbas¨ de Arnando Fontes, retrata o cotidiano dos homens e mulheres pobres, a história relata a vinda de uma família composta  por sete integrantes; os pais (Josefa e Geraldo) e os cincos filhos (Rosenda, Albertina, Caçulinha, Bela e Pedro), que saem do interior para capital em busca de novos horizontes, ao se instalarem em Aracaju, o pai da família e os três filhos mais velhos se empregam na companhia sergipana de fiação (A Sergipana).As condições em que a família vive são muito difíceis. Com os graves incidentes que pouco a pouco irão abalar a família; a prisão e deportação de Pedro, único filho homem da família, após envolvimento na greve de operário; a perdição de suas duas filhas na vida, por ter tido perdido suas honras e o falecimento de Bela. O romance se encerra com o retorno de Josefa e Geraldo a Ribeira, local em que viviam antes de morar em Aracaju, onde terminariam seus últimos momentos de vida.

                                                     Figura 04: livro Os Corumbas
                                                     Fonte: www.google.com         
                                        
       Os homens pobres ocupavam as margens do quadrado de Pirro, suas condições de vida em Aracaju eram precárias, apontando outro lado da modernização defendida pela elite aracajuana. Fora do plano urbanístico nasce a outra Aracaju, Chamada ¨Cidade de Palha¨formada por camponeses pobres do interior e ex-escravos sem empregos vindos de engenhos, compostas por milhares de casebres de taipa atrás das altas dunas, sem saneamento, sem organização.Nela moravam operários, trabalhadores do comercio, empregadas domésticas, prostitutas e desempregados e os pobres migrantes do interior, e muitos desses pobres trabalhavam nas fabricas de tecidos.

                                         figura 05: IHGSE
                                         Fonte: acervo prof°. Antônio Lindvaldo

       Após o encontro na Praça Fausto Cardoso, que foi o centro do poder político-administrativo, o ponto de partida para o crescimento da cidade. No decorrer da aula o professor Antonio Lindvaldo relata a trajetória histórica das localidades, fazendo comparação por meios de fotos antigas do antes e depois de prédios e praças. O segundo encontro foi no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe onde o professor Antonio Lindvaldo reúne os alunos e dividem tarefas em dez grupos de duplas ou trios, com o objetivo que cada grupo acompanhasse a história da modernização, através de visitação ou pesquisas sobre a tarefa escolhida. Sendo meu grupo escolhido para pesquisar e relatar sobre o cotidiano da operaria D. Antonia. Após o conhecimento das tarefas os alunos dirigiam-se a Universidade Federal de Sergipe, para que juntamente com o coordenador e tutores ocorresse os relatos de cada grupo sobre suas tarefas.


                                         Gigura 06: Eu e a Tutora Andreza Conceição
                                          Fonte: acervo particular do autor


A CLASSE OPERÁRIA


       Do final do século XIX para o inicio do século XX, o operariado era uma classe pequena, girando em torno de 4.000 pessoas, mas os números não pararam de crescer depois da virada do século. As condições de trabalho dos operários sergipanos eram ruins, pelos seguintes motivos: não existiam leis que protegessem os trabalhadores; Os salários eram baixíssimos; A jornada de trabalhos chegava há 12 horas por dia. As precárias condições de vida e de trabalho levaram a classe operaria a se organizar e lutar por direitos. Foram criadas associações como o Centro Operário Sergipano, como também diversos jornais defendiam os direitos dos trabalhadores da indústria, a exemplo de ¨Operário¨ e  ¨O Trabalho¨. 


 
                                           Figura 07: D. Antonia
                                           Fonte: acervo prof°. Antônio Lindvaldo


       As greves realizadas pelos trabalhadores sergipanos, que  na maioria eram repremidas brutalmente pela policia estadual. A repressão talvez seja a causa principal no levantamento de informações em torno do que pensavam os homens pobres ou operários de fabricas de tecidos na maioria as informações são omissas quanto a relação do cotidiano dos operários. Maria Antonia de Oliveira, Dona Antonia como era chamada por todos, inicialmente trabalhou como domestica, em seguida ingressou na ¨Sergipe Industrial¨ em meados da década de 1920. D. Antonia trabalhou nas duas fases antes e pós Thales Ferraz, permanecendo trinta anos na mesma fabrica, não sendo uma única vez despedida, diferenciando-se das operarias que não conseguiam ficar tanto tempo no mesmo trabalho. D. Antonia considerava-se diferentes das demais colegas, pois não admitia receber repreensão, assim procurava cumprir todas as suas obrigações e não aceitava participar das ägitações¨contra a fabrica.  Em sua vida fora da fabrica D. Antonia era voltada para os afazeres domésticos, frequentava as missas ou visitava doentes e, em períodos de festas juninas, participava das danças de coco. Na época que trabalhava na ¨Sergipe Industrial¨. D. Antonia residia no Santo Antonio, possuía as mesmas condições de vida das colegas de trabalho, e demais vizinhos do mesmo bairro. Morava em casa de taipa e de palha, enfrentava temporais e problemas diversos em torno de falta de saneamento e ganhava somente o suficiente para sua sobrevivência. D. Antonia mantinha-se omissa a realidade do mundo do trabalho falava pouco dos conflitos existentes na fabrica, sempre deixava claro que existia uma fabrica sem problemas e confrontos, e idealizava os seus patrões como homens bons, honestos e dedicados aos trabalhadores. Em relação aos funcionários descontentes D. Antonia afirma que quem não cumpria suas atividades não compreendia o trabalho, cometendo erros na produção e provocando os rotineiros acidentes de trabalhos. Procurando a todo o momento justificar que não houve problemas com ela, que cumpria as atividades, era dedicada, eficiente e passiva. Em descrever-se D. Antonia configurou-se no protótipo desejado por alguns segmentos sociais envolvido no discurso modernizador. Entretanto D. Antonia não era tão omissa e passiva, pois nunca deixou ser enganada por qualquer pessoa, tinha consciência de sua condição de vida e dos preconceitos existentes na época, por causa de sua condição financeira e sua cor. O operário em formação travou modos de lutas individuais nas relações diárias com colegas, patrões, policia etc. de diversas maneiras. A palavra falada era um instrumento essencial para descarregar as ofensas e as opressões e com os depoimentos dos operários, percebe-se uma memória popular viva, conflituosa. Essa memória retrata um passado não muito feliz, completo de exploração, maltratos, multas e muitas confusões. Ela contradiz a visão de ¨progresso¨, de ¨modernização¨ defendida pelo discurso modernizador. 


CONSIDERAÇÕES FINAIS


       O processo modernizador trouxe diversas conquistas para Aracaju, como é o caso das instalações das fabricas de tecidos, que representava o símbolo de desenvolvimento em Sergipe. À medida que a cidade passava pelo processo de urbanização, chamava a atenção das camadas pobres, ocorrendo à imigração de homens pobres do campo em busca de melhores condições de vida. Contudo ao chegar à cidade a realidade era outra, pois sua condições de vida não se encaixam dentro dos padrões de modernidade estabelecido pela elite do ¨Quadrado de Pirro¨. Com isso a camada pobre foi excluída, explorada e esquecida, tudo em favor da modernização aracajuana.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II, São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2010.
CORRÊA, Antonio Wanderley de Melo, ANJOS, Marcos Vinicius dos, CORRÊA, Luiz Fernando de Melo. Sergipe nossa história: ensino fundamental – Aracaju: Edição 2005. 96 p. : Il.

SITES
leiatrevida.blogspot.com – visualizado no dia 25.12.2012
neritacarvalho. blogspot.com – visualizado no dia 25.12.2012.