UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO
DE ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA
RELATÓRIO
DE VIAGEM: VISITA A CIDADE HISTÓRICA DE LARANJEIRAS-SE
TEMA
GERAL: LARANJEIRAS: NUCLEO DE POVOAMENTO DA REGIÃO DA COTINGUIBA PRODUTORA
JOEMIA
MARIA GOMES MOTA
Aluna do curso de
graduação licenciatura em História/UFS
POLO
/PROPRIÁ
A Coordenação da disciplina Temas de
História de Sergipe II organizou uma viagem à cidade de Laranjeiras, no dia 27
de outubro de 2012, com o objetivo de realizar uma aula de campo ministrada
pelo professor Antônio Lindvaldo Sousa, assessorado pelos seus tutores, no qual
tivemos a oportunidade de socializar com alunos de outros polos que integram a
universidade.
Figura 1: Alunos da disciplina
Temas de Sergipe II
Fonte:
arquivos particulares 27.10.2010 Joemia Mª G.
Mota
UM BREVE PASSEIO PELA
HISTÓRIA DE LARANJEIRAS
A
evolução de Laranjeiras deu-se com o comércio da
cana-de-açúcar no século. A cidade não
era produtora da cana-de-açúcar, mas sim o reflexo da sua produção, com essa
produção ocorre o desenvolvimento e o crescimento do seu comercio. Desse modo o
progresso da indústria açucareira que antes era desfrutada pela vila de Santo
Amaro, desloca-se para Laranjeiras. No século XVIII e XIX o comercio atingiu
seu apogeu, com todo esse esplendor econômico Laranjeiras passou atrair a
esperança do homem pobre, que via neste crescimento a possibilidade de
melhorias, passando a frequentar na feira livre
considerada a maior entre as vilas, realizada nos dias de sábados vendia-se de
tudo, desde açúcar ao rolo de fumo. Também motivados pela feira livre os
grandes proprietários de engenhos vinham para a vila para efetuar compras,
possuidores de casarões que servia de apoio, porque somente era utilizada
quando os senhores vinham a passeio ou simplesmente a feira. Foram erguidos
grandes casarões próximos de várias casas comerciais, com isso os senhores de
engenhos não eram os únicos a possuírem o poder social em Laranjeiras, com a
prosperidade do comércio surgem os grandes proprietários de casas comerciais.
No
início do século XIX a atividade açucareira era a principal fonte de
Laranjeiras, que passando a ser exportadora desse produto. Porém com o surgimento
da concorrência no comércio exterior açucareiro e a produção de um novo tipo de
açúcar, feito da beterraba, Laranjeira começou a viver uma crise econômica no empobrecimento e econômico. Neste mesmo período
Aracaju começou a se destacar, e, juntamente com Maruim, e Laranjeiras passam a
concorrer a capital de Sergipe, por uma questão estratégica do Barão de Maruim
e iniciativa do presidente da província Inácio Barbosa, em 17 de março de 1855,
Aracaju foi escolhida capital de Sergipe, pois possuía o porto que deveria
atender as necessidades de escoamento da produção açucareira.
Laranjeiras foi um centro radiador de tensões
raciais e sociais, duas grandes revoltas urbanas de escravos negros e mulatos
livres foram registradas em 1835 e 1837, como também os primeiros indícios para
a proclamação da república aconteceu oficialmente na vila de Laranjeiras
em1888, através da publicação do manifesto de 18 de outubro de 1988.
Laranjeiras é um conteúdo e cultural a céu aberto, são inúmeros os contextos históricos
reunidos nesta cidade, é praticamente uma aula prática dos séculos XVIII e XIX.
Laranjeiras é reconhecida como uma cidade histórica, devido a seu respaldo arquitetônico,
contém estilos barroco rococó e neoclássico, no campo geográfico, abrange uma
geomorfologia peculiar com morros e grutas. Já no universo histórico, possui um
enorme acervo cultural, o Museu de Arte Sacra.
Entre os objetivos do trabalho
de campo, destacavam-se a necessidade de estabelecer um contato do alunado do
curso de História com um mundo que extrapola o simples olhar de uma cidade
aparentemente esquecida no tempo. Com um mundo que fala pela sua própria
arquitetura, pela sua arqueologia, pela sua historia. Ademais, a proposta do
trabalho também era relatar as impressões vivenciadas das equipes, mediante o
contato com a visita ao sitio arqueológico que compreende a cidade de
laranjeiras, a qual constitui um patrimônio cultural só de Sergipe, do Brasil,
mas mundial. Localizada geograficamente
a 19 km da capital sergipana, na zona litorânea do estado, com uma população de
aproximadamente em torno de 25.000 habitantes.
Fonte: Google Mapas. Acesso 16.11.2012
Após
os grupos fazerem um levantamento da história do município de laranjeiras,
ainda que breve, pela própria dinâmica do trabalho proposto, foram formados equipes
composta por quatro componentes para o reconhecimento dos monumentos
arqueológicos, destacando-se, entre as equipes a que visitou a Capela
Sant’Aninha composta por Joemia Maria, Paula Marques, Janderson Saulo e Everton Luiz.
Figura2: Capela
Sant’Aninha
Fonte:
arquivos particulares 27.10.2012 Joemia Mª G. Mota
No percurso para igreja
passamos por uma construção de trapiche, que é uma construção do século XIX,
local onde era armazenada a produção açucareira dos engenhos, caracterizados
pela sólida construção de pedra e cal, responsável pelo panorama arquitetônico
de beleza única (ver figura 2). Continuando o percurso, passamos pelo rio
Contiguiba parada obrigatória em torno dele o comércio ganhava espaço, principalmente
a trocas dos escravos por meio deste rio em 1860 o imperador D. Pedro II e a
imperatriz D. Tereza Cristina visitou Laranjeiras, o rio foi muito importante
no desenvolvimento econômico, porém sua glória ficou no passado, pois
atualmente parece que somente é reservado para depósitos de lixo.
Figura 3: Construção em
Trapiche
Fonte:
arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G.
Mota
Figura
4: Rio Contiguiba
Fonte:
arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G.
Mota
Seguindo nossa
caminhada justamente às 11h15min da manhã, subimos a colina em direção à
capela. Logo de início encontramos as ruínas que restaram da casa grande do Sr.
Pedro Paulo Valverde proprietário da capela, colunas que indicam dois
pavimentos, sendo que no superior constatamos a formação de dez janelas e na
parte inferior duas janelas e duas portas, o que nos dar mais ou menos a noção
do poder dessa família no município (ver figura 5). Fomos guiados por uma
senhora que vive na redondeza da propriedade e, é responsável pela guarda da
chave da capela, muito atenciosa nos fez o relato de que a construção da capela
foi uma promessa do Sr. Pedro Paulo Valverde, pois a filha do senhor de engenho
Ana Valverde se encontrava muito doente e era muito devota de Nossa Senhora da
Conceição. Durante esse período histórico, as capelas só poderiam ser
construídas mediante uma promessa, pois naquela época o papa não liberava a
construção de igrejas para pessoas que não pertencessem ao clero, a não ser no
caso de promessa, que foi feito em pedido pela melhoria de Ana Valverde. A
Capela Sant’Aninha é um templo católico construída no século XIX, basicamente
em 1875, em uma propriedade particular à margem esquerda do rio Contiguiba, a
sua construção foi feita no local onde havia um depósito de pólvora, sua
fachada é um exemplar único no estado e seu interior com detalhes ornados em ouro apresenta minúcias em tapeçaria antiga (ver
figuras 7 e 8). Já foi considerada uma das capelas particulares mais ricas do
nordeste. Abertura ao público em 1991 um ano depois da morte do proprietário da
capela (ver figura 6)
Figura 5: Antiga casa dos
Valverde
Fonte:
arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G.
Mota
Figura
6: Tumulo do Senhor Valverde
Fonte:
arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G.
Mota
Figura 7: Interior da
capela
Fonte:
arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G. Mota
Figura 7: Interior da
capela
Fonte:
arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G. Mota
Figura 7: Interior da
capela
Fonte:
arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G. Mota
Figura 8: Interior da
capela
Fonte:
arquivos particulares 27.10. 2012 Joemia Mª G. Mota
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
aula de campo realizada na cidade de Laranjeiras-Se, foi de grande importância
para o aprimoramento cultural dos alunos da disciplina Temas de Histórias de
Sergipe II. Fazer uma viagem a laranjeiras é realizar um passeio ao passado,
pois a cada monumento arqueológico visitado, o aluno passa-se a imaginar dentro
daquele contexto histórico, social e cultural. Laranjeiras é uma aula prática a
céu aberto. Contudo, é notável a falta de cuidados com alguns dos monumentos
históricos, mesmos tombados pelo patrimônio arquitetônico, muitos desses
monumentos estão em ruínas. Como é o caso da Capela Sant’Aninha, pois se faz
necessário que algum órgão se responsabilize pela sua manutenção física, , a
exemplo do IFAN, das secretarias municipais e estaduais de cultura, das
secretarias de turismo, sejam municipais ou estaduais e etc. Além de procedimentos comuns a um espaço
como esse, tais como a realização de melhorias como limpeza constante do
ambiente, pintura e etc. A referida
capela precisa de limpeza no seu interior e exterior, essa é de uma
representação religiosa grandiosa, de uma arquitetura belíssima. Somente o
conhecimento do patrimônio cultural de uma cidade é que se pode entender qual
realmente foi seu papel na sua evolução. História não se aprende apenas com os
livres, mas também com a vivência de espaços grandiosos feitos o sítio
arquitetônico de Laranjeiras e isso nos permite enxergar a devida valorização
da história do lugar, valorizando o patrimônio cultural e social dessa cidade.
ANEXOS
Outras riquezas arqueológicas
visitadas por outros grupos:
Igreja da Matriz Sagrado Coração de
Jesus situada na praça da matriz, construída na segunda
metade do século XVIII, em 1871 foi a primeira igreja dedicada ao sagrado
coração de Jesus do Brasil. Embora tenha passado por várias reformas, ainda
conserva o seu traço original. A
edificação é tombada pelo IPHAN.
Igreja do Bom Jesus dos Navegantes,
construída no século XX, em 1905 no morro do Bom Jesus, com características
coloniais, é a tradicional festa da cidade.
Igreja Nossa Senhora do Rosário e
São Benedito construída por negros na metade do
século XIX, local de tradicionais comemorações com a festa dos Reis e da Rainha
da Taieira, esta ultima uma louvação dirigida a São Benedito e Rosário,
protetores dos escravos. Na igreja realizam-se até hoje os ritos do Cacumbi; da
Taieira, da Chegança e de São Gonçalo, sendo, portanto palco das maiores festas
do folclore de Sergipe.
Igreja do Senhor do Bonfim
construída no século XIX, em 1832, abriga nos fundos o cemitério da Irmandade
do Bonfim, edificada no ponto mais alto da cidade, onde se tem uma visão
completa do vale do Contiguiba. Seu altar de madeira foi destruído durante um
incêndio em meados do século XIX. Após intenso trabalho de estudos e pesquisas
o templo foi restaurado, sendo que mo lugar do altar de madeira fora colocado o
altar da igreja Jesus, Maria, José.
Igreja Nossa Senhora da Conceição
da Comandaroba edificada em local onde os índios Tupis-guaranis
cultivavam feijão, daí a denominação Comandaroba, nome de origem tupi que
significa comenda- feijão e roba- amargo,
inaugurada 1734, o templo apresenta características dos jesuítas no
nordeste. No seu pórtico, de pedras calcarias, e no cruzeiro estão gravadas
monogramas que confirmam suas origens e da sua padroeira a Virgem da Conceição.
A edificação tombada pelo IPHAN é um dos monumentos históricos de maior valor
do estado e uma das ultimas construções dos padres jesuítas da Companhia de
Jesus.
Igreja Presbiteriana
inaugurada em 19 de novembro de 1899, após uma série de incidentes entre
católicos e protestantes. Até hoje a igreja mantém todas as suas atividades.
Museu de Arte Sacra
fundado em 198ª para preservar o grande acervo sacro do município. É o segundo
mais importante do estado.
Museu Afro-brasileiro de Sergipe
exposição de peças ligadas a cultura afro-brasileira e sua influencia no
sincretismo religioso do nosso povo.
Fonte: arquivos particulares27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Fonte: arquivos particulares27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Fonte: arquivos particulares27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Fonte: arquivos particulares27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Fonte: arquivos particulares27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Interior da igreja Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba
Fonte: arquivos particulares 27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
Alunos do polo Propriá e o Prof. Antônio Lindvaldo
Fonte: arquivos particular 27. 10.2012 Joemia Mª G.
Mota
REFERÊNCIAS
SOUSA,
Antonio Lindvaldo. Temas de História de
Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.
www.portalturismobrasil.com.br
Acesso em 12.11.2012
www.monumenta.gov.br Acesso em
13.11.2012
www.skyscrapercxty.com Acesso em 13.11.2012
Imagens pertencentes
aos arquivos particulares Joemia Maria Gomes Mota. 27. 10.2012.